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Gestão desportiva


À décima oitava crónica do livro «Memórias de um craque», Fernando Assis Pacheco não se põe com delicadezas, paninhos quentes ou preâmbulos sinuosos (como eu aqui). Ele arranca logo assim, à bruta: «Há lugar para este marmelo?». Fala-se, para que conste, de um certo Silvano, moço portador de «um troçolho dos grandes no farolim esquerdo, usando por isso lentes fumadas, à maneira dos artistas americanos». A pergunta era, com certeza, imprescindível para organizar os jogos de rua, na Coimbra da década de 40, mas, como se verá, pode ser também muito útil noutros carnavais. Caso a minha sugestão seja seguida - já lá vamos - julgo até que os clubes portugueses (e estrangeiros, se alguém se der ao trabalho de traduzir «marmelo» para as restantes línguas indo-europeias) conseguirão poupar uns cobres valentes e, quem sabe, pagar uns jantares e umas bejecas aos jogadores do Estrela. Basta usar bem a pergunta. Usá-la desta forma: primeiro, envia-se carinhosamente para o olho da rua, todos os directores desportivos (o Rui Costa, se quiser, pode ficar onde está porque ele merece que lhe façamos as vontades, desde que não abuse), sendo estes substituídos, em seguida, por pequenos grupos domésticos de treinadores e dirigentes (no caso do Porto, seria recomendável que eu fosse convidado). Agora vem a parte importante. A esses grupos, remunerados com senhas de gasolina, seria apenas encomendada uma tarefa: encarar, periodicamente, a fronha singular de cada jogador ou potencial jogador do plantel. Mas sem conversa. Só com aquela pergunta na cabeça: «Há lugar para este marmelo?». Depois, cada um ia à sua vida.

Posted by Daniel on sábado, 2 de maio de 2009 at 12:54