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Clavamox DT


Não me quero alongar sobre todos os pormenores do fascinante jogo de há bocado, até porque não o vi e vocês não me compreenderiam. Em vez disso, assisti ao relato da TSF. Já me tinha esquecido de como era seguir uma partida na TSF: enquanto na vida real um jogo de futebol é um longo jacuzzi salpicado de uma semi-oportunidade de golo a cada dez minutos, se nos decidirmos pela adaptação livre da TSF do que é o futebol teremos a ocasião de assistir a noventa minutos de um jogo com onze homens de cada lado, de facto, mas numa modalidade em que a bola está sempre em cima da linha de golo de uma das balizas. Na primeira parte houve uma jogada em que dei um salto da cadeira com a emoção que o relatador colocou na corrida do Vukcevic, para depois ver o Benfica a beneficiar de um lançamento de linha lateral a meio campo. A gritaria que se instalou na segunda parte não vos passa pela cabeça. Parecia a última jornada do campeonato como coberta pela Radio Renascença, que costumava ouvir há 25 anos atrás: 32 jogos à mesma hora (primeira divisão e as três zonas da segunda), todos com via aberta para quando houvesse golo, o que tinha como resultado que aquelas duas horas de Domingo eram uma longa sequência de goooooooooolllllooooooooooos provenientes de correspondentes espalhados de norte a sul do país. A parte engraçada era quando aconteciam vários golos ao mesmo tempo, e as várias vozes se sobrepunham, com o resultado que o coordenador nos estúdios de Lisboa tinha que pedir o esclarecimento em directo dos golos que teriam ocorrido, altura em que apareciam outros golos noutro ponto do país. Passo, portanto, a falar bem do Rochemback. Sempre que a bola chegava ao Rochemback o tom da TSF mudava. Via-se (ouvia-se) que o relatadores ficavam sem saber o que dizer, ou, pelo menos, que lhes custava manter o ritmo da linha emotiva da TSF. Era nestas alturas que eu aproveitava para ir à casa-de-banho ver como é que estava o abcesso e fazia contas à minha vida: "Acabo a caixa de Clavamox DT, ou fico por aqui e vou buscar uma cervejinha?". Por muito magro que esteja, o valor do Rochemback estará sempre na sua capacidade de abrandar o jogo. Que as pessoas, os treinadores e os receptores dos seus passes não saibam aproveitar isto, é uma coisa, agora que não se reconheça o tipo de potencialidades que ali estão, isso já me faz especie. Parece-me óbvio que se pense que se, até hoje, ninguém viu "o tipo de potencialidades que ali estão" será porque, provavelmente, não estão ali muitas potencialidades. Não sejam assim. Esta cena agora de formar treinadores (e de obrigar os treinadores a se formarem) trouxe muita coisinha boa, mas também trouxe os 4-4-2, os 4-3-3, os 5-2-3-1, os modelos de jogo e as dinâmicas. O Rochemback é um jogador que aguenta a carga, que não perde bolas e que sabe fazer passes verticais como só uma pessoa que eu conheço: o Rochemback. Acima de tudo, e ao contrário Miguel Manhoso, se o Rechemback tiver quem lhe saiba receber os passes, é homem para abrandar a equipa adversária mas acelerar um colega que se saiba desmarcar em condições. Ora, quem pense em aproveitar estas características (que, como digo, são únicas) não pode pensar numa táctica: tem que pensar em situações de jogo, como quando os filhos da puta do Aimar e do Reyes anda ali aos saltinhos à volta das pessoas. Há muitos anos que não treino uma equipa profissional de futebol, mas sempre acreditei que o bom treinador ou o bom observador de futebol é aquele que não só coloca a sua táctica ou o seu futebol preferido em posição subalterna relativamente às características dos jogadores disponíveis (o Quique nem aqui chega, com a graça de deus), mas também sabe relativizar a sua própria avaliação subjectiva do que é um bom jogador de futebol. Um gajo pode detestar jogadores com o estilo do Rochemback, mas seria terrorismo não arriscar um bocadinho a tentar aproveitá-lo para alguma coisa. Viva o Paulo Bento.

Posted by maradona on domingo, 22 de fevereiro de 2009 at 02:50

Maradona,

De facto, há que dar a mão à palmatória. O sacana do gordo venceu a inércia, aliás, soube transformar a difícil arte de ser o mais lento no terreno de jogo numa vantagem: onde os outros aceleravam loucamente ele reflectia sobre o jogo, onde os artistas lampiões saltitavam ele mantinha-se fixo à relva qual rei da selva, mantendo assim o equilíbrio da equipa. Se aquele livre não batesse na barreira o Moreira só veria a repaqueca chocalhar nas redes, e aquela recarga merecia a glória.

Obrigado gordo, foste grande.

Abraço,
http://bolaseletras.blogs.sapo.pt/
António

Não foi nada grande. O maradona é o melhor blogger de sempre - e para sempre - mas quando o assunto é Rochemback sofre de uma perda momentânea de discernimento, que só pode ser explicável caso haja para ali um qualquer grau de parentesco que ele não quer revelar.
O Rochemback atingiu aquela fase da carreira em que tudo o que não seja um jogo miserável (falhar passe atrás de passe, livres marcados contra a barreira ou para a bancada, dar sarrafada no adversário - e nem é preciso ser o Hulk - que, mesmo transportando a bola, passa por ele com toda a facilidade) já é considerado "um grande jogo". Ontem foi um caso desses. O Sporting fez uma 2ª parte do catano APESAR do Rochemback e não graças a. A malta olha para ele, vê, de facto, uma ligeira diminuição de peso (insuficiente, porém, para caber numa qualquer tabela de percentil) e sente uma vontade enorme para desatar a elogiá-lo. Antes que o gajo volte aos rodízios.
E, no entanto, o único passe vertical de jeito no jogo de ontem foi do gajo menos suspeito (dado que o Abel não foi, sequer, convocado) para o fazer: o Polga. O Rochemback, esse, limitou-se a fazer aquilo que o Pedro Martins - aquele que veio do Guimarães para o Sporting incluído no pacote Pedro Barbosa - fazia: não inventar e passar a bola para o gajo que estivesse mais perto. Falar em "capacidade de abrandar o jogo" é de quem anda a comer cabeças de peixe estragado.

Ricardo,

Em 95% das vezes sou muito crítico face às exibições do Rochemback. Ontem, quem quiser ser justo e objectivo não o pode ser. Deu porrada nos momentos certos, ajudou a desconstruir o meio campo do Benfica, deu músculo a um meio campo de artistas. E fê-lo bem. O resto são opiniões, todas respeitáveis, claro.

Abraço,
http://bolaseletras.blogs.sapo.pt/
António

É verdade que o nosso Roca não foi tão mal como habitual mas sejamos realistas:
O Jogador que apanhou mais vezes pela frente foi o Aimar...
Contra os Bávaros na quarta é que eu gostava que ele aparecesse mas tenho sérias dúvidas. Ainda nos deve um golinho, um apenas, não peço mais....

http://hipocrisiasindigenas.blogspot.com/2009/02/eu-quero-ser-campeao-round-19-sporting.html

Saudações Leoninas,

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